O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e ex-governador do Maranhão, Flávio Dino, resolveu acionar a Justiça após ser chamado de “ladrão” e “vagabundo”. A iniciativa expõe não apenas a sensibilidade do ministro diante de críticas, mas também o uso recorrente do Judiciário como trincheira para blindar políticos de acusações e ataques que enfrentam na arena pública.
Justiça como escudo político
Ao mover processos contra quem o ofende, Dino sinaliza que não aceita ser alvo de palavras duras. Contudo, há quem veja nesse gesto uma tentativa de calar vozes críticas e transformar a Justiça em instrumento de intimidação. Afinal, figuras públicas precisam estar preparadas para enfrentar críticas – algumas legítimas, outras abusivas – mas que fazem parte da vida política.
Liberdade de expressão x blindagem judicial
O debate não é novo: onde termina a liberdade de expressão e onde começa o crime contra a honra? Dino, agora ministro do STF, parece adotar uma postura que mistura defesa pessoal com cálculo político. Não se trata apenas de proteger sua imagem, mas também de enviar um recado: qualquer um que ousar atacá-lo poderá enfrentar as consequências na Justiça.
O jogo político por trás da ofensiva
A narrativa de vítima pode ser usada como capital político. Ao se colocar como alvo de “ódio” e “difamação”, Dino reforça sua imagem junto a apoiadores e tenta desmoralizar opositores. Mas o efeito pode ser o contrário: fortalecer o sentimento de que parte da elite política e jurídica brasileira não tolera a crítica popular, recorrendo aos tribunais sempre que se sente incomodada.
Flávio Dino tem todo o direito de acionar a Justiça se acreditar que foi difamado. No entanto, quando ministros e políticos buscam a todo momento processar quem os chama de “ladrão” ou “vagabundo”, o risco é transformar a Justiça em um palco de censura. O Brasil precisa de um debate político mais honesto, sem ofensas pessoais, mas também sem blindagens exageradas para quem ocupa cargos públicos.