O depoimento do Pastor Gil, deputado federal e figura de destaque entre os evangélicos, escancarou uma prática cada vez mais questionada: o uso da fé como moeda política. Interrogado sobre o repasse de emendas parlamentares em São José de Ribamar, Gil negou irregularidades e disse que a denúncia é “completamente falsa”.
Segundo o próprio parlamentar, como era seu primeiro mandato e não conhecia prefeitos locais, decidiu apoiar diretamente os pastores das igrejas maranhenses. Em outras palavras, o dinheiro público, que deveria ser investido de forma transparente em políticas públicas, acabou canalizado para líderes religiosos ligados a sua base eleitoral.
“Obtive cerca de 2.000 votos em Ribamar e resolvi apoiar os pastores das igrejas. As emendas foram destinadas porque havia embargos da prefeitura contra um projeto de centros religiosos, e pensei que os recursos poderiam facilitar essas questões”, afirmou.
O dinheiro “sujo” e a velha política
As investigações apontam que pastores próximos ao deputado receberam recursos suspeitos. Críticos chamam de dinheiro sujo, fruto da velha prática de misturar fé com interesse político. Afinal, o que deveria ser um mandato voltado ao bem coletivo foi transformado em instrumento de barganha com líderes religiosos.
É no mínimo preocupante que um parlamentar eleito com apoio da comunidade evangélica justifique sua conduta dizendo que não conhecia prefeitos e, por isso, preferiu repassar emendas para igrejas. Isso não é apenas uma questão legal, mas também ética.
Fé como escudo político
A narrativa de Gil reforça um problema estrutural no Maranhão e no Brasil: a utilização da fé como escudo político. Em vez de diálogo institucional com gestores municipais, escolheu atender diretamente a um grupo de pastores — justamente aqueles que garantiram sua votação.
Essa relação levanta um questionamento inevitável: trata-se de compromisso com a população ou apenas retribuição eleitoral disfarçada de política pública?
Reflexo de uma política ultrapassada
Enquanto a Justiça investiga, a imagem de Gil já sai arranhada. A mistura entre púlpito e palanque não é novidade, mas fica cada vez mais evidente que esse modelo de política traz mais prejuízos do que avanços.
O caso do Pastor Gil deve servir de alerta: o Maranhão precisa de representantes que pensem no coletivo, e não de deputados que utilizem a fé como atalho para consolidar poder.
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