PROJETO CURTA DIVERSIDADE

Por Alderico Segundo Santos Almeida 

Aqui no Brasil, o Grupo Gay da Bahia (GGB) registrou um aumento de 30% nos homicídios de LGBTs em 2017 em relação ao ano anterior, passando de 343 para 445. Segundo o levantamento, obtido pelo site GLOBO, a cada 19 horas um/a LGBTQ+ é assassinado/a ou se suicida vítima da LGBTQfobia, o que faz do nosso país campeão mundial desse tipo de crime. Das 445 vítimas de LGBTQfobia registradas em 2017, 194 eram gays (43,6%), 191 transexuais (42,9%), 43 lésbicas (9,7%), 5 bissexuais (1,1%) e 12 heterossexuais (2,7%).

Desde o relatório de 2016, além dos homicídios, são incluídos também os suicídios de LGBTQ+ no rol das mortes causadas pela LGBTQfobia. O antropólogo Luiz Motti, presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB), justifica a inclusão pelo fato de pesquisas internacionais revelarem que a taxa de suicídios dentro da comunidade LGBTQ+, sobretudo entre jovens, é significativamente mais alta do que entre heterossexuais: “jovens rejeitados por sua família por serem LGBTQ+ têm 8,4 vezes mais chances de tentarem suicídio” e “lésbicas, gays e bissexuais adolescentes têm até cinco vezes mais chances de se matarem do que seus colegas heterossexuais”.

Dados que muito nos preocupam enquanto sujeitos LGBTQ+. Entretanto, é sabido que desde o final da década de 1980 o Movimento Social LGBTQ+ do Maranhão vem cumprindo seu papel na resistência e luta contra toda forma de opressão típica do Estado capitalista neoliberal. Muitos grupos e coletivos foram criados a partir de então, começando com o Grupo Timbiras. 

 Há 4 (quatro) anos idealizamos o Projeto Curta a Diversidade com o propósito de promover a eficácia e eficiência dos Direitos Humanos à sociedade, com ênfase incialmente na escola.

Procurou-se, portanto, a partir do tema Educação e Diversidade, construir uma proposta pedagógica que possibilitasse uma convivência harmoniosa no espaço escolar junto a professores, gestores, alunos e, por extensão, a família.

Para nossa surpresa, o projeto foi bem recebido por onde passou. Diante disso de ocupar outro espaço de maneira fixa foi então que surgiu a parceria com o Cine Praia Grande, na pessoa do Raffaele Petrini, que muito bem nos recebeu. No dia 01 de dezembro de 2014, foi oficialmente fundado o Coletivo Curta Diversidade, que reuniu uma juventude animada a fazer diferença e contribuir para o debate de Gênero e Sexualidade, mas precisamente voltado para a comunidade LGBTQ+.

Nosso diferencial é usar a sétima arte (cinema) como instrumento metodológico desse debate. Hoje, pensamos ir além e trazer, também, a música, dança, poesia, performance artística e outras formas artísticas como aliadas do nosso projeto. 

No ano de 2018 o Coletivo se desfez, mas o Projeto continua sendo realizado em diversas instituições públicas e privadas, tais como a FUNAC e outras unidades de ressocialização, shoppings, Feiras Literárias, universidades e escolas.

Acreditamos que o Projeto Curta Diversidade, cumpre seu papel social, mas ainda é muito pouco diante do cenário que vivemos no Brasil, em particular, aqui no Maranhão. Temos ciência de que algumas resoluções, decretos, políticas sociais entre outras formas jurídicas, foram conquistadas ao longo desses quase 30 anos de resistência. Entretanto, é preciso garantir, hoje, que essas conquistas não se percam no tempo, sucumbindo a um governo que deixa bem claro que não se preocupa com os interesses da minoria. É preciso lutar para que políticas públicas sejam de fato criadas assegurando que elas sejam legalizadas e anexadas como politicas de estado e não como políticas de governo.

No mais, convidamos todas as pessoas LGBTQ+ ou não, a conhecer nosso projeto. Pedimos ajuda na divulgação de nossas ações e debates. Afinal, qualquer pessoa ou grupo que vai na contramão do padrão estabelecido pela sociedade, automaticamente se configura como resistência! 

A história de que “ninguém solta a mão de ninguém” perpassa primeiro pela empatia. Quanto mais grupos e pessoas na resistência, mais firme fica a nossa luta!

 Viva a Diversidade! Avante!