As ações afirmativas do Poder Judiciário do Maranhão (PJMA) de combate ao racismo, lgbtfobia, etarismo, sexismo, gordofobia e capacitismo fazem parte dos trabalhos do Comitê de Diversidade em seus cinco anos de instituição. Período em que a Política Judiciária de Diversidade do PJMA, alinhada às diretrizes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) realiza projetos e programas que visam garantir os direitos humanos no combate ao preconceito e discriminação a partir de ações afirmativas, como Escutatória de Mulheres Negras; Lgbtfobia não é Opinião. É Crime; Escuta Ativa dos Povos Indígenas e Processo de Heteroidentificação.
Coordenadora do Comitê, a juíza Elaile Silva Carvalho, comenta sobre a trajetória do órgão dentro do tribunal: " Temos uma história marcada pelo compromisso com a inclusão, com a promoção da equidade e com o respeito às múltiplas identidades que compõem o nosso Judiciário e a sociedade. Reafirmamos, neste marco simbólico, nossa missão institucional de seguir construindo um Poder Judiciário mais plural, acessível e comprometido com os direitos humanos. Que venham muitos outros anos de avanços e realizações", pontuou.
Instituído em 6 de julho de 2020 pela Resolução GP n.° 47/2020, durante a presidência do desembargador Lourival Serejo, o Comitê de Diversidade está alinhado às diretrizes nacionais do Poder Judiciário, a exemplo do Pacto Nacional do Judiciário pela Equidade Racial, do CNJ, e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), com o compromisso de assegurar o acesso à justiça e o respeito aos direitos fundamentais de todos os grupos sociais, especialmente os historicamente marginalizados.
O juiz Marco Adriano Ramos Fonseca, coordenador do Comitê (2020-2024), relembra com satisfação os anos que esteve à frente do setor: "Tive a honra de coordenar o Comitê por quatro anos, tempo em que, com o engajamento de muitas mãos e mentes, conquistamos marcos importantes. Contudo, mais do que os reconhecimentos, deixamos como legado políticas, práticas e iniciativas que ampliaram o acesso, a visibilidade e o respeito à diversidade no âmbito do TJMA, e elevamos o nome do Poder Judiciário do Maranhão como uma referência nacional nessa temática". Ele também celebra a data reconhecendo as contribuições dos membros e membras do Comitê, que é um espaço de escuta, diálogo e ação. "Que os próximos anos sejam ainda mais transformadores", enfatizou.
AVANÇOS INSTITUCIONAIS E NORMATIVOS
Nos últimos anos, o Comitê de Diversidade desenvolveu iniciativas que impactaram diretamente a vida de centenas de pessoas em todo o Maranhão. Um dos exemplos é o Provimento n.º 49/2022, que viabilizou o registro de nascimento de indígenas, permitindo que informações sobre a etnia e aldeia de origem sejam incluídas no documento, a pedido do interessado. A articulação foi resultado de uma escuta ativa com lideranças indígenas maranhenses e o Comitê.
Outro marco foi o Provimento n.º 30/2021, que alterou regras na averbação do prenome e do gênero nos registros civis de nascimento e casamento a cidadãos LGBTQIA+, garantindo dignidade e reconhecimento de identidade à esta população.
RECONHECIMENTOS NACIONAIS DA POLÍTICA DE DIVERSIDADE DO TJMA
Ao longo dos anos de atuação os trabalhos coordenados pelo Comitê de Diversidade ganharam visibilidade e reconhecimento em todo o país por meio de premiações concedidas pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ):
- Prêmio Innovare (2023) - Pelo programa "LGBTfobia não é opinião. É crime!";
- Prêmio CNJ de Responsabilidade Social (2024) - com o Programa Escuta Ativa dos Povos Indígenas, na categoria Promoção da Inclusão Social e Combate à Discriminação.
- Prêmio Equidade Racial do Poder Judiciário (2024) – 3º lugar com a prática "Narrativas e Escutatórias do Caminhar das Mulheres Negras", desenvolvida pela servidora e membra do Comitê, Joseane Cantanhede. Na mesma premiação também concorreu o projeto "Para Além do Dia 20 de Novembro: Diga Não ao Racismo", da também servidora e integrante do órgão, Bianca Bezerra.
AÇÕES AFIRMATIVAS QUE TRANSFORMAM REALIDADESDesde sua criação o Comitê de Diversidade, junto a parcerias internas e externas, desenvolve e consolida uma série de projetos voltados ao combate à discriminação, à promoção da igualdade e à volarização da pluralidade em todos âmbitos. Entre as principais iniciativas, destacam-se:
Empregabilidade e garantia de direitos para a população LGBT
Por meio do Programa "LGBTfobia não é opinião. É Crime!", foram realizados Mutirões de Cidadania Transgênero, Casamentos Comunitários e capacitações profissionais, com oferecimento de cursos profissionalizantes e encaminhamentos de vagas ao mercado de trabalho, com destaque ao Termo de Cooperação Técnica entre o TJMA e Senac, que garante duas vagas gratuitas à população LGBTQIA+ em todos os cursos oferecidos pelas unidades da instituição no Maranhão, atendendendo em três anos 376 alunos.
Acolhimento aos Povos OrigináriosO Programa de Escuta Ativa dos Povos Indígenas, iniciado em 2022, já realizou 5.159 atendimentos a 3.479 indígenas em todo Estado, por meio de mutirões para emissão de documentos, retificação de registros, exames de DNA, orientações jurídicas e perícias médicas e o 1º Casamento Comunitário Indígena para 53 casais.
As ações foram levadas às etnias Guajajara, Krikati, Kanela e Gavião nas comarcas de Imperatriz, Barra do Corda, Montes Altos, Amarante, Grajaú e Arame. A criação da Ouvidoria Indígena do PJMA também é um dos resultados do Programa.
Segundo a juíza e ouvidora Indígena, Adriana Chaves, a iniciativa se consolidou como ferramenta pioneira e transformadora: "O Escuta Ativa é um modelo de diálogo respeitoso e sensível às especificidades culturais e linguísticas. O Programa consolidou-se, dentro do judiciário, como uma ação pioneira pautada em três eixos principais: presença itinerante nos territórios indígenas, escuta ativa e interculturalidade. Os resultados obtidos são expressivos como uma maior participação das lideranças indígenas nos espaços institucionais, o fortalecimento da confiança no Poder Judiciário e a ampliação do acesso efetivo aos direitos fundamentais. Celebrar os cinco anos do Comitê é estarmos firmes no propósito de ouvir para reconhecer, incluir e transformar", afirmou.
Educação Antidiscriminatória e engajamento
O Comitê de Diversidade também se destaca pela ênfase em formação continuada, por meio de cursos sobre diversidade e direitos humanos, em parceria com a Escola da Magistratura do Maranhão (ESMAM), e palestras informativas levadas às escolas públicas e privadas. O e-book "Diversidade e Antidiscriminação", com duas edições publicadas, é outro instrumento que fomenta debates a partir de vivências e experiências de grupos vulnerabilizados.
O Comitê também promove o Prêmio Luiz Alves Ferreira – Luizão - de Promoção à Diversidade e Combate à Discriminação, voltado à valorização de práticas antidiscriminatórias desenvolvidas por magistrados(as), servidores(as), estudantes e professores de escolas públicas. Como fortalecedor do diálogo sobre o papel do Judiciário no combate às desigualdades, o Comitê articula, anualmente, o Seminário Estadual de Diversidade e Antidiscriminação.
Promoção da Equidade
Sensibilizações de combate ao racismo e valorização da pessoa idosa também estão presentes nas ações do Comitê. A campanha permanente "Presente e Futuro – proteja o(a) idoso(a) hoje, amanhã será você", estimula a valorização das pessoas 60+ e chama ao enfrentamento às violações de direito desta população.
A iniciativa "Rodas de Afetos inspiradas em Mulheres Negras" envolve servidoras, magistradas, especialistas e a comunidade por meio do compartilhamento de histórias de representatividade racial e de gênero, promovendo acolhimento e conscientização. Como parte do cumprimento à política de equidade racial o Comitê de Diversidade também coordena o Procedimento de Heteroidentificação do Exame Nacional da Magistratura (ENAM), e do Exame Nacional dos Cartórios (ENAC), para candidatos(as) autodeclarados negros(as), residentes no Estado. Os certames tiveram um número de 659 inscritos nos anos de 2024 e na primeira edição de 2025.
CINCO ANOS DE INCLUSÃO E TRANSFORMAÇÃO
O Comitê de Diversidade do TJMA chega ao seu quinto aniversário com um legado de compromisso, inovação e impacto social. As ações desenvolvidas nesse período evidenciam o compromisso da instituição com os direitos humanos e com a construção de um judiciário mais consolidado e uma sociedade mais representativa, conforme aponta a juíza Luana Santana, titular da comarca de Cândido Mendes e membra do Comitê desde janeiro de 2025.
"É uma honra integrar o Comitê de Diversidade. Mais do que um espaço de representação, ele simboliza um compromisso concreto com a promoção da equidade, da inclusão e do respeito às diferenças. É tempo de avançar, de tornar nossos espaços mais acessíveis, representativos e sensíveis às realidades que compõem o tecido social que vivemos hoje. Acredito que estamos dando passos importantes rumo a um Judiciário mais humanizado e uma sociedade que reconhece e valoriza a pluralidade", declarou Luana Santana.
A data representa não apenas um marco cronológico, mas a reafirmação do compromisso do TJMA com a construção de uma Justiça acessível e inclusiva. O Comitê de Diversidade segue atuando com firmeza para que os próximos anos sejam de mais avanços, conquistas e fortalecimento das práticas institucionais antidiscriminatórias.
Saiba mais sobre o Comitê de Diversidade acessando a página oficial no portal do TJMA.
Postado em: 8 de julho de 2025 | Por: Ezequiel Neves
TJMA celebra cinco anos do Comitê de Diversidade com avanços e reconhecimentos nacionais
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
ATENÇÃO!
Todos os comentários abaixo são de inteira RESPONSABILIDADE EXCLUSIVA de seus Autores(LEITORES/VISITANTES). E não representam à opinião do Autor deste Blog.
Apoio o Jornalismo Independente Pix 02789917345