A queda de Othelino Neto não aconteceu de uma hora para outra. Foi um processo de desgaste político, isolamento progressivo e, por fim, uma derrota jurídica. Com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de formar maioria pela constitucionalidade do critério de maior idade na eleição da presidência da Assembleia Legislativa do Maranhão, selou-se mais que um julgamento técnico: selou-se o fim de um projeto de poder pessoal que já vinha cambaleando.
Othelino apostou alto ao judicializar uma eleição que, na prática, ele já havia perdido politicamente. Tentou transformar um critério regimental — amplamente aceito e utilizado em outras casas legislativas — em uma brecha de inconstitucionalidade. Perdeu.
O Supremo, com a serenidade que se espera de uma Corte Constitucional, reconheceu que a autonomia dos Legislativos deve ser respeitada, especialmente quando não há violação aos princípios fundamentais da Constituição. A maior idade, como critério de desempate, é clara, objetiva e impessoal. Iracema Vale venceu dentro das regras, com apoio político e, agora, com respaldo jurídico incontestável.
A movimentação de Othelino, que nos bastidores foi vista como uma tentativa desesperada de se manter no jogo, mostrou-se contraproducente. O tiro saiu pela culatra. Ao recorrer ao Judiciário, escancarou sua incapacidade de construir maioria política dentro da própria Casa onde já presidiu com mão firme. Se antes Othelino era um articulador respeitado, hoje é percebido como alguém que não soube sair de cena com elegância.
Enquanto isso, Iracema Vale, com postura discreta e aliada ao Palácio dos Leões, surge como uma liderança serena e firme, que representa o novo momento da política maranhense — menos personalista, mais articulado, mais alinhado com a governabilidade.
A decisão do STF, portanto, não é apenas um veredito técnico. É um marco simbólico: a velha política do tapetão perdeu para a legitimidade construída com votos, diálogo e apoio institucional.
Conclusão: o fim de um ciclo
Othelino caiu. E caiu porque não percebeu que seu tempo político havia passado. A insistência em desafiar um resultado legítimo apenas acelerou sua queda. Resta agora saber se conseguirá se reinventar — ou se se tornará apenas mais um nome a ser lembrado como parte de um ciclo que se encerrou.
Iracema Vale assume, legitimada por todos os lados. E o Maranhão político segue em frente, sob nova direção.