A contratação da cantora Solange Almeida pela Prefeitura de Raposa, no valor de R$ 300 mil, para um show em comemoração ao aniversário da cidade no próximo domingo, 9 de novembro de 2025, tem gerado discussões sobre o uso dos recursos públicos em um município que ainda enfrenta sérios desafios estruturais.
O contrato foi firmado por meio do Processo Administrativo nº 144/2025, na modalidade Inexigibilidade de Licitação nº 035/2025, com a empresa Sol Produção e Administração Artística Ltda, responsável pela realização do evento no Viva do bairro Garrancho. O documento de Adjudicação e Homologação, assinado pelo secretário municipal de Administração e Planejamento, Gesiel Gomes Braz, confirma a contratação com base no artigo 71, inciso IV, §4º da Lei Federal nº 14.133/2021, que permite a inexigibilidade em casos de contratação de artistas consagrados.
O que diz a lei
A Lei 14.133/2021, que substituiu a antiga Lei de Licitações, autoriza esse tipo de contratação direta quando se trata de artistas com notoriedade reconhecida. No entanto, a norma exige justificativa de preço compatível com o mercado e comprovação da exclusividade do empresário ou produtora.
Embora o procedimento siga a legalidade formal, o valor de R$ 300 mil e a estrutura de palco e som que acompanham o evento levantam questionamentos sobre prioridades orçamentárias no município. Raposa ainda enfrenta problemas de infraestrutura, saúde pública, educação e saneamento básico, o que torna o gasto expressivo com entretenimento um tema de debate entre moradores e analistas locais.
Contraste entre festa e realidade social
Em cidades de pequeno porte como Raposa, investimentos culturais são importantes para fortalecer a identidade local e impulsionar o comércio durante festas populares. Contudo, especialistas em gestão pública apontam que o equilíbrio entre cultura e necessidades básicas é essencial para uma administração eficiente e responsável.
Enquanto parte da população aguarda melhorias em serviços essenciais, o show de Solange Almeida — com duração de uma hora e quarenta minutos — é visto por críticos como um exemplo do desequilíbrio entre a festa e as carências sociais. Já defensores do evento argumentam que a programação cultural faz parte das comemorações tradicionais e movimenta a economia do município.
Transparência e controle social
O caso reforça a importância da transparência pública e do controle social sobre gastos municipais, especialmente em eventos festivos de grande porte. A divulgação detalhada dos contratos, dos custos complementares e da justificativa do cachê pode ajudar a esclarecer dúvidas e fortalecer a confiança da população na gestão municipal.


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