Postado em: 3 de novembro de 2025 | Por: Ezequiel Neves

Prefeitura de Raposa paga R$ 300 mil por show de Solange Almeida: investimento cultural ou gasto questionável?




A contratação da cantora Solange Almeida pela Prefeitura de Raposa, no valor de R$ 300 mil, para um show em comemoração ao aniversário da cidade no próximo domingo, 9 de novembro de 2025, tem gerado discussões sobre o uso dos recursos públicos em um município que ainda enfrenta sérios desafios estruturais.

O contrato foi firmado por meio do Processo Administrativo nº 144/2025, na modalidade Inexigibilidade de Licitação nº 035/2025, com a empresa Sol Produção e Administração Artística Ltda, responsável pela realização do evento no Viva do bairro Garrancho. O documento de Adjudicação e Homologação, assinado pelo secretário municipal de Administração e Planejamento, Gesiel Gomes Braz, confirma a contratação com base no artigo 71, inciso IV, §4º da Lei Federal nº 14.133/2021, que permite a inexigibilidade em casos de contratação de artistas consagrados.

O que diz a lei

A Lei 14.133/2021, que substituiu a antiga Lei de Licitações, autoriza esse tipo de contratação direta quando se trata de artistas com notoriedade reconhecida. No entanto, a norma exige justificativa de preço compatível com o mercado e comprovação da exclusividade do empresário ou produtora.

Embora o procedimento siga a legalidade formal, o valor de R$ 300 mil e a estrutura de palco e som que acompanham o evento levantam questionamentos sobre prioridades orçamentárias no município. Raposa ainda enfrenta problemas de infraestrutura, saúde pública, educação e saneamento básico, o que torna o gasto expressivo com entretenimento um tema de debate entre moradores e analistas locais.

Contraste entre festa e realidade social

Em cidades de pequeno porte como Raposa, investimentos culturais são importantes para fortalecer a identidade local e impulsionar o comércio durante festas populares. Contudo, especialistas em gestão pública apontam que o equilíbrio entre cultura e necessidades básicas é essencial para uma administração eficiente e responsável.

Enquanto parte da população aguarda melhorias em serviços essenciais, o show de Solange Almeida — com duração de uma hora e quarenta minutos — é visto por críticos como um exemplo do desequilíbrio entre a festa e as carências sociais. Já defensores do evento argumentam que a programação cultural faz parte das comemorações tradicionais e movimenta a economia do município.

Transparência e controle social

O caso reforça a importância da transparência pública e do controle social sobre gastos municipais, especialmente em eventos festivos de grande porte. A divulgação detalhada dos contratos, dos custos complementares e da justificativa do cachê pode ajudar a esclarecer dúvidas e fortalecer a confiança da população na gestão municipal.

A contratação de Solange Almeida por R$ 300 mil para o aniversário de Raposa sintetiza um dilema comum em muitas administrações públicas: investir em cultura ou priorizar áreas essenciais?
A resposta depende do equilíbrio entre a valorização das tradições populares e a responsabilidade com o dinheiro público — um tema que continua a dividir opiniões entre os moradores do município e especialistas em gestão pública.





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